A vê-los passar...
Não é o mafarrico, no seu inferno verde de picos e silvas, a escarnecer de nós. Nem outra qualquer aparição, igualmente aterradora. É, da cabeça aos pés, ocultos, uma cabra, embora de ascendência francesa. E existe para dar leite, de que deriva o queijo, e os cabritos, sem os quais não há Páscoa nem S. João. Uma personalidade de primeirissimo plano, portanto.
Não lhe são reconhecidos grandes méritos de inteligência. Sociável, vive em rebanho, e o rebanho é composto por crianças, fémeas e, geralmente, um macho só! O maior, fatal garanhão, chefe incontestado.
Por isso, a cabrada dispensa as cimeiras. Não lhe falte é a ração e o prado. Um capítulo em que é extraordináriamente sensível e exigente. Insaciável. A minha guerra fria com as cabras resulta mesmo da necessidade de fraccionar campos e leiras com aramados que só atrapalham, quer a gente, quer os cães. Mas esta sozinha, posta em sossego e desvastando pacamente o seu silvado, dir-se-ia uma excepção. Está realizando uma obra útil e, até parece, tentando decifrar os celestes mistérios. Tantos aviões! E há um imensamente maior do que os outros!... Oxalá acabe esse chinfrim e os humanos regressem à normalidade deles. À tal crise em que lhes escasseia o dinheiro para comerem os nossos filhos.