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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Barack à chuva

João-Afonso Machado, 19.11.10

Está já confirmado, Barack Obama discursará hoje em Belém à chuva. Não foi possivel autorização celestial para uma mais ensolarada recepção. E se a sua viagem até à Residencial Presidente se fará a coberto, em Cadillac «à prova de práticamente tudo» (segundo os comentadores da TV), o mesmo não sucederá com o 7º da Cavalaria (antigo Regimento dos Lanceiros da Rainha) a quem competirá a escolta de honra do poderoso Imperador americano.

De resto, Lisboa encheu-se de altas individualidades, não deixando qualquer margem para os alfacinhas, assustados, tementes e remetidos ao lar. Por todo o lado, sirenes, motos da polícia, helicópteros, o trânsito vedado aos cidadãos. Incorrigivelmente bisbilhoteiros, os repórteres foram descobrir alguns snipers escondidos, na sua missão de segurança. Teme-se agora pela vida deles, totalmente exposta aos maus propósitos de eventuais terroristas.

Assistimos também à aterragem do celebérrimo avião presidencial americano, estacionado em Figo Maduro, e, com profundo desgosto, soubemos que a Senhora D. Michelle ficou na Casa Branca, cuidando da sua horta.

Enfim, a população lisboeta não parece rejubilar com a Cimeira da NATO. Isto do risco de um atentado no metro tem muito que se lhe diga!... De modo que corre já um abaixo assinado para o próximo evento congénere se realizar na Serra da Estrela. Não há lá metro, Barack gosta de esqui e de raças caninas portuguesas e ainda não provou o melhor queijo do mundo. Além de que os Batalhões Académicos de Coimbra já se prontificaram para garantir a segurança das individualidades, desde a Estrada da Beira até à Torre. Um cenário, de resto, assaz parecido com o Afeganistão.

 

Valença do Minho!

João-Afonso Machado, 19.11.10

 MURALHA.jpg

No tempo verdadeiro das fronteiras, essa parte além das muralhas não existia. Apenas o rio, a fortaleza e as suas bocas de fogo e uma estranha rivalidade de sermos povos diferentes (sê-lo-iamos?) riscavam no mapa onde acabavam uns e começavam outros.

Já mais recentemente, foi construida, ligando Valença a Tuy, a Ponte Eiffel (em ferro, para variar), e, só agora, cada vez mais esbatidas as diversidades, surgiu essa pista quase aeronáutica. Onde as placas com os dizeres "Espanã" ou "Xunta da Galicia" tem o mesmo efeito daqueloutra - "Gavião", prenúncio da minha freguesia...

Seja como for, quem dera aos galegos a imponência de Valência nossa. E a beleza da vilória dentro do forte, onde eles se deslocam amiúde. Esta é, na realidade, a "fronteira" portuguesa mais atravessada.(De uma ponta à outra do Rio, é um mar de emoções, um mundo outro; nada parecido com qualquer passeio a Setúbal...). E, dizia, o movimento suplanta, à vontade, a de Chaves, de Vilar Formoso, do Caia, de Vila Real de Santo António).

Também nestes dias que antecedem a enebriante Cimeira da NATO, Valença foi alvo de atentíssima vigilância. Tal como, aliás, Cerveira e Monção. Mas nada de anormal foi detectado: nem droga, nem armas brancas, nem panfletos subversivos, nem parentes ou aderentes de Bin Laden. Somente galegos, vindos às compras ou a uma almoçarada no Minho. Será anacrónico falar em divisas?