Sou assumidamente novato nisto que, cá entre nós, já ficou conhecido como a bloga. Explico até como me iniciei: em defesa da bandeira nacional, há um ano içada na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Depois fui andando - isto é: escrevendo - até aos amáveis e gratificantes convites que recebi para de comentador passar a colaborador. E assim consegui apreender. O quê, em resumo e substância?
Desde logo, este mundo virtual - termo também recém-chegado - é um caminho adequado a criar amizades. Sem fugir da terminologia própria, reais ou virtuais. Depois, está aí a fórmula mágica de as pessoas interagirem - mais um neologismo, enfim - assanhadamente, por vezes. educadamente, de preferência. Com distância ou proximidade. Quer dizer: racionalmente ou emocionalmente. Na forma identificativa de cada um, supondo que a inteligência dos demais consegue distinguir a margem que separa o acalorado do insultuoso.
Porque nem tudo é como devia ser, alguém se terá lembrado de moderar - mais um eufemismo - os comentários dos intervenientes. E muito bem! Nos estabelecimentos ao lado, onde essa prática não é costumeira, é só questão de clicar e observar. Um autêntico chavascal. De que, felizmente, o Corta-Fitas se preserva.
Só que há mais. Há muito mais para além do insulto torpe. Há o propósito humilhante, a provocação constante, o intuito persecutório. Sem o calão, mas com toda a maldade. Desinteressado do contraditório, apenas orientado para a demolição. De pessoas e de ideias.
Encurtando razões, avanço rápidamente para a tão versada questão dos anónimos. Dos "abrantes", digamos assim. Apenas para concluir que o uso do nick name, ou o comentário isolado de alguém que, nem assim, quer identificar-se em público é absolutamente inócuo. Tudo está em, num caso, um comentador se decidir pela defesa de um ponto de vista sob pseudónimo e, noutro, a opinião ser expressa - apoiando, distinguindo, refutando - por quem quer, desejando manter o sigilo sobre tudo o que vá além das ideias.
Não, o mal é outro. Tremendamente pior. E consiste no propósito - se calhar, não evidente - de destruir por destruir. Sem nome, mas sistemáticamente. Como se fosse muita gente, ou um acto isolado, apenas. Mas multiplicadissimo. E, afinal, tão fácilmente detectável pelo estilo de escrita, pelo cinismo, pela maldade, pela ausência de ideias... Tão fácilmente detectável pelo cansaço provocado nos leitores, pelos regulares desabafos destes, pela doentia apresentação de um sem-nome que todos nomeiam.
Neste universo em que somos senhores dos nossos destinos - ao menos aqui... - terá de ser assim? Até na bloga imperará a impunidade? Então que parte do mundo nos resta para vivermos e nos relacionarmos em paz?
Falando por mim, sou nada do género de percorrer, apenas por percorrer, o caminho árido onde não há propósitos nem destino. A sede e a irritação deixam-me ficar a meio.