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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Amanhã é dia de feira

João-Afonso Machado, 22.09.10

Por isso ainda vai muito a tempo, Luísa. E convide o Sarkozy, leve-o a conhecer Barcelos. Mostre esses sapos e explique-lhe tudo. É que os ciganos têm deles um verdadeiro terror supersticioso. Eis porque o minhoto, sempre precavido, não há relvado ou entrada de casa onde não coloque o seu sapo, não vá o diabo tecê-las, pela calada da noite.... Autênticos cães de guarda, estas loiças! Já viu o engenho das nossas gentes? O que não somos capazes de ensinar a um Presidente da República? E resta a cabrita, um inigualável bibelot nos aposentos de Madame Bruni; e o esforçado atleta, obviamente um jogador do FêCêPê, da época do saudoso Monteiro da Costa, como bem resulta da brilhantina e do seu penteado. A França precisa de artistas assim, sobretudo depois do enorme desastre no último Mundial.

A feira de Barcelos ainda é o que sempre foi. Ou quase. Tem alfaias, ferramentas e produtos agrícolas, tem aquela roupa variada e pendurada em cabides, no improviso dos toldos, tem a famosa cerâmica. Não faltam as roscas de pão, os bolos brancos, a broa de milho. Convem é tomar uma atitude despreocupada e não pensar em quantos dedos de criança - senão mesmo de adultos - andaram já a escarafunchar nessa padaria toda. Ou que o sol e as bolas de berlim às vezes combinam mal...

Enfim, a cassete pirata é já uma instituição, e o artigo chinês também chegou, gostou e ficou. Mas resta a capoeira: gansos, patos, toda a sorte de galináceos, os láparos e pombinhas de leque. Lamentávelmente, o gado foi embora, expulso pelas autoridades sanitárias - uns maçadores imensos, há muito não se assiste àquelas zangas súbitas, só varapaus pelo ar e umas tantas cabeças rachadas. Males da modernidade... Deste tempo em que já não se negoceia com dinheiro preso num elástico, tirado do bolso das calças, e contado ali, por aquelas mãos calejadas, sempre a virem à boca buscar aderência para as notas...

Quanto a galos, ei-los também, para todos os tamanhos e gostos, com as cores e a alegria de qualquer dançadeira de Viana.

Bom proveito. Divirtam-se.

 

 

 

 

O verdadeiro Galo português

João-Afonso Machado, 22.09.10

Não pode haver réplicas. Eis-nos perante o Galo de Barcelos, em toda a sua dimensão. Nada que tenha a ver com esses saca-rolhas comprados no All-garve ou nas lojas de souvenirs do Rossio e do aeroporto da Portela. Um episódio antigo e milagreiro, ai do juiz que condenou o inocente à forca!...

E um galo a sério, como outro não há lá na capoeira. Por isso a seu poleiro, nas imediações dos Paços do Concelho, mesmo atrás da Colegiada de Santa Maria, junto às ruinas do Paço ducal e não longe do Solar dos Pinheiros. Onde Barcelos marca a sua antiguidade e a sua história.

Todos os portugueses lhe devem uma romagem. Exactamente porque nada melhor nos identifica no Mundo. Mesmo se o pintam agora em cores diversas, e, sobretudo, quando o moldam - como vai acontecendo - posto numa galinha, em pleno clímax, a bicar a crista da coitada. (Nada sabemos dela, não é de Barcelos, enfim, uma galdéria qualquer...).

Que me contrarie o Bispo-missionário D. António Barroso, do alto da sua estátua, nas imediações, caso eu exagere!

O Galo enche a feira semanal. Não se cala aquando dos andores das festas das Cruzes. Percorre o planeta. Execra o verde-rubro e respeita o garrido das vestes minhotas. Viva o Galo!!!

Pouco mais possuimos, nós, portugueses, além da certeza de que o FMI não nos leva estre ilustre barcelense. Assim como foi ele a transportar, em 1966, a lusa selecção futebolística até Inglaterra, de viseira nos olhos e lança em riste. No tempo dos Magriços. Houve - antes ou depois - melhor resultado alcançado?

(Reconhecendo os méritos eméritos do Galo de Barcelos, a República concede se realize nesta cidade - a capital portuguesa, afinal - entre 23 e 26 deste mês, a 3ª edição do Festival Internacional de Filmes de Turismo Art&Tur. O Minho sempre está a dar...).