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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Fidel - reacções da nossa Esquerda

João-Afonso Machado, 10.09.10

«O modelo cubano não pode ser exportado, pois nem na ilha ele funcionou».

Depois destas sensacionais declarações de Fidel Castro a uma revista americana, em vão a nossa Comunicação Social tem tentado obter comentários dos representantes da lusitana Esquerda.

«Estou inocente, pá, eu sempre disse que estava inocente, pá!» exclamou Otelo, muito de raspão, tal a sua pressa em chegar à Pontinha, onde parece ia ser homenageado pelo MSML (Movimento dos Sobreviventes Marxistas-Leninistas).

«Não conheço essa entrevista, pelo que não me pronunciarei. De qualquer modo, não há notícia de quaisquer perturbações na Bolsa de Valores de Havana», referiu, lacónicamente, Francisco Louçã.

De José Mário Branco, soube-se apenas aquilo que, há mais de três décadas, haviamos esquecido: «a cantiga é uma arma contra a burguesia»...

Com o olhar colocado muito longe, em plena Caraíbas, Manuel Alegre deixou escapar algumas estrofes das suas novas Trovas da Trovoada: «Para falares assim / Não há raio que te parta? / Perguntei à trovoada / E ela disse que sim, / Perguntei à trovoada / Se te fulminava, / Camarada».

O CC do Partido Comunista informou que tomará uma posição oficial no regresso de Jerónimo de Sousa da sua sua visita de estado à República Socialista de Periskoche.

Apenas Garcia Pereira se regozijou com a confissão de Fidel. «Sempre alertei as massas contra as falácias do social-fascismo. À semelhança, aliás, do meu antecessor Arnaldo Matos, o grande educador da classe operária».

 

Entretanto, os analistas prevêem já uma cisão no Grupo Cuba-Gest. Com a quebra da produção de charutos, o administrador executivo Raul Castro deixou no ar a hipótese de uma cisão empresarial. O seu objectivo é o nicho do mercado terrorista em África: Angola, de novo, e a Somália e a Nigéria estão na mira do investidor. Previlegiando propósitos absolutamente humanitários, como sempre.

 

 

 

O IVA, esse agiota

João-Afonso Machado, 10.09.10

É o pão nosso de cada dia nas empresas: a falta de ar nos serviços de tesouraria.

(- Então "eles" ja mandaram o cheque?

- Ainda não, Sr. Teixeira, e o correio já chegou...

- Insista, menina, insista.)

E a menina insiste. Cola-se ao telefone, aquele timbrezinho muito peculiar

(- Tô sim, o Sr. Santos está? É da parte do Sr. Teixeira...),

manso, musical, apaziguante, a utilizar muitas palavras até atingir o almejado "chequezinho"

(- Sim, é que temos a contabilidade de Junho para fechar, se pudessem enviar o "chequezinho"...).

Do outro lado da linha, uma voz seca, curta, explicando que o "chequezinho" está feito, fique o Sr. Teixeira tranquilo, só falta a assinatura do Sr. Santos. Questão, apenas, de esperar até a semana que vem.

- Sim? Posso ficar tranquila? Então muito obrigado, muito boa tarde. Igualmente. Com l'cença.

A menina corre a dar a boa notícia ao Sr. Teixeira. Este, ao menos, dormirá menos mal de sábado para domingo. E, na segunda, voltará à espera ansiosa do correio e do"chequezinho" do Sr. Santos.

Tudo porque a encomenda foi de monta. Fogareiros a gaz. A factura já seguiu há uns meses, mas continua por pagar e não há no Banco para entregar ao Estado o famigerado respectivo IVA.

 

A pergunta é só uma: como quer o Estado apoiar as PME's quando lhes exige a liquidação e pagamento do imposto antes mesmo de aquelas terem recebido o "tal" valor acrescentado? Antes mesmo de terem recebido o preço dos bens ou serviços que venderam!

Em mais nenhum País do mundo existirá, como em Portugal, um movimento denominado «IVA com recibo», ou similarmente. A Associação Industrial do Minho veio a terreiro, outra vez, denunciando esta situação que confrange - estrangula - os seus membros. No Parlamento apenas o PS votou contra uma recomendação de mudança da lei. É fácil ver porquê: a tributação já não visa a prossecução de fins de interesse ou utilidade pública, mas, meramente, "regularizar" os calotes do Estado.