O Vale do Ave
Já foi o mais abastado pedaço da província minhota. Antes da era Porches/Ferraris. Ou a ilusão de riqueza que findou, deixando desemprego às toneladas e o entulho das fabriquetas a poluir a paisagem.
As gentes da terra perceberam agora o logro. Agora - quando a agricultura também já não vai lá das pernas e o excesso populacional, o desvario urbanistico, ainda mais trapalham a recuperação da economia regional.
Felizmente as autarquias - muito mais do que o Poder Central - lançaram mãos à obra. Os custos humanos são elevados mas afinal...os peixes voltaram aos cursos de água. Porque as tinturarias... foi como se a filoxera desse nelas. Acabaram todas ou quase todas. E onde há peixes e rios lavados, há pesca e desporto. Logo, turismo.
O Vale do Ave em particular e o Minho em geral têm de apostar em si mesmos. De recuperar a sua identidade. Ou as suas tradições e a sua História. Ainda ontem - e por toda esta semana - a Feira de Artesanato e Gastronomia de V. N. de Famalicão deu provas desse esforço de salvação. Estavam lá, para gáudio dos visitantes, a arte e gastronomia do concelho. Assim como de outros concelhos, mais e menos distantes, também.
Em não poucos stands, a manufactura decorria à vista dos interessados. Quantos não estarão ali, por sua conta e risco, lidando com o vidro, o fio, a talha em que ocuparam anos a trabalhar em empresas entretanto levadas pela falência?
É hora de arrumar a casa. De lhe disfarçar as cores e feitios inacreditáveis, de pôr termo à promiscuidade entre zonas habitacionais e (fantasmagóricos) parques industriais. Porque o Minho é uma boa aposta turística. Em V. N. de Famalicão há já quem mantenha os seus recantos rurais ocupados com ingleses, franceses, espanhois, suecos... famílias inteiras deles, por toda a Primavera e Verão.