Cores de Outono
Não o vivemos do lado de dentro da vidraça, buscando beleza, inspiração, a frase ideal. O Outono faz parte da nossa existência, dos dias em que lhe suportamos o vento ou nos enchumbamos nas suas chuvas. Na quase-certeza (porque o mundo tornou-se outro…) de que o ciclo prosseguirá com o gelo e os nevões, até ao renascimento da natureza. Não sem que antes as camélias dêem um ar da sua graça e a garça tome novamente conta dos ares, voando de charca em charca.
Mas as horas trazem agora outro encanto. Cheiram a castanhas assadas e ao entardecer à lareira. Mesmo os equídeos não sofrem o tormento das moscas e gozam pacatamente a sua liberdade. E a floresta parece acordar em tons pardos e um forro novo de folhas secas, aliviada da iminência dos fogos.
Entre o contraste das cores outonais, decorre o tempo minhoto. O tempo de quantos mais sentem o que vivem e escrevem o que sentem.