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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Há um ano, lembram-se?

João-Afonso Machado, 04.10.11

O doutor deputado passou a noite à cabeceira da enferma. Agora repousa um pouco, cochila, num sofá do corredor da AR, o hospital de campanha sobrante. Implantou-se o desalento: os especialistas são unânimes, o seu prognóstico é muito reservado – a República, essa “prendada menina”, está tísica.

Os familiares, escassos embora, reagem inconformadamente. É sempre difícil encarar o fim de uma vida tão breve, prestes a concluir 101 primaveras apenas. Vai lá um ano, toda ela irradiando felicidade, apagava de um sopro só as cem velinhas do seu bolo de aniversário, presente dos afilhados, dez milhões de euros de uma penada deixados na mão do melhor pasteleiro do reino. Que é como quem diz, desta reinação infrene, a causar tanto escândalo entre os demais, todos nós, os vizinhos. Porque, sabemos, ninguém vive só de ar e vento. Nem dessa folgança em que a República, à laia da Ruiva de Fialho de Almeida, se revelou uma «rapariga corroída de podridões sinistras, abandonada do berço ao túmulo, e pasto unicamente de desejos infames e de desvairamentos vis».

Está tísica. E os portugueses estão tesos. É que dessa vida dissoluta nada sobrou senão a dívida – a repetidamente falada “dívida da República”.

 

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