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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Nem tudo são más notícias...

João-Afonso Machado, 24.09.10

É sempre assim. Alguém surgindo, bem cedo, com a novidade: o poldro nasceu esta noite - e a debandada geral para o prado ou para a cavalariça, onde quer que a égua tenha dado á luz.

Lá está ele, tentando firmar-se nas pernas. De resto, delgadinho como um cabrito, pouco mais é do que pernas. Um verdadeiro aranhiço, mas já á procura das tetas da mãe.

- Saiu castanho. Lindo!

O que nada quer dizer, porque a pelagem mudará ainda, certamente. Dois abanões da cauda e uns passitos saltitados. A muidagem não resiste e vai para ele, pronta de mimos e vontade de brincar. Somente, a mãe não consente e, habilidosamente, arranja sempre meio de se interpor entre o recém-nascido e o assédio dos mais entusiasmados. Com um relinchar baixo e contínuo, resmungado, um verdadeiro aviso à navegação. O poldro é só para ver com os olhos...

E a insistência bem pode ser a morte do artista. Porque do protesto, a égua passa ao dar de ancas e à pisadela. Quando não - há sempre um excessivamente maçador... - à definitiva parelha de coices. Assunto arrumado, então.

Mas, de tarde, mãe e filho estão no pasto. Em tempo de calor, muito sofrendo com a praga das moscas. Para já, os pernilongos do poldro ainda o ajudam a coçar-se atrás da orelha. Não tarda, galopará com o bando todo, no seu mundo, onde não há politica nem preocupações. A não ser, talvez, essa em que os equídios tanto se entreajudam para se livrarem dela - a das moscas, claro.